segunda-feira, 27 de maio de 2013

Osteoartrite: Doença das articulações



Osteoartrite é uma doença das articulações caracterizada por degeneração das cartilagens, acompanhada de alterações das estruturas ósseas vizinhas. É a mais comum das doenças reumáticas.
Cerca de 80% a 90% das pessoas acima de 40 anos mostram sinais de osteoartrite ao raio X, embora grande parte delas não apresente sintomas. A intensidade das queixas aumenta progressivamente com a idade. A doença se instala em mulheres e homens na mesma proporção.
ETIOLOGIA

A água constitui 70% do conteúdo das cartilagens existentes na articulação. Do que sobra, 90% são formados por uma rede elástica de colágeno e agregados de moléculas grandes chamadas proteoglicanos. Se as cartilagens articulares não existissem, um osso se chocaria contra outro. Sob impacto, no entanto, as cartilagens são comprimidas e expulsam água de seu interior, que é reabsorvida quando as forças compressivas relaxam. A osteoartrite se instala quando há aumento de conteúdo líquido no interior do tecido cartilaginoso.
CAUSAS

Primárias: em boa parte dos pacientes não há fatores que justifiquem o quadro de osteoartrite. Talvez anormalidades anatômicas sutis, como pequenas irregularidades na superfície articular, levem ao desgaste da cartilagem. O exercício atlético, quando não excessivo nem associado a traumatismos, não predispõe à enfermidade. Ao contrário, a obesidade, esforços físicos repetitivos e esportes como o futebol são fatores de risco. Por outro lado, o condicionamento através de exercícios aeróbicos pode reduzir os sintomas;
Secundárias: as osteoartrites secundárias podem instalar-se como consequência de traumas, doenças reumatológicas inflamatórias, necrose óssea, injeções intra-articulares repetidas de cortisona, doenças congênitas do esqueleto, doenças metabólicas e endócrinas, enfermidades em que há comprometimento de nervos periféricos e outras.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

O principal sintoma é a dor nas articulações. Costuma ser de instalação insidiosa e aumentar de intensidade no decorrer dos anos. Fases mais sintomáticas podem ser seguidas de outras com menos dor ou com desaparecimento completo dos sintomas. Caracteristicamente, a dor surge com o movimento e desaparece com o repouso, até que sejam atingidas as fases mais avançadas da evolução.
A doença pode provocar enrijecimento e diminuição da mobilidade articular, e acometer uma ou mais articulações. O enrijecimento tende a desaparecer segundos ou minutos depois da movimentação, diferença importante com os casos de artrite reumatoide em que pode persistir por horas. Indivíduos abaixo dos 40 anos, não costumam apresentar sintomas. A evolução geralmente é lenta, mas a piora é progressiva com o passar dos anos. Os sintomas podem permanecer leves ou mesmo desaparecer por longos períodos.
ARTICULAÇÕES MAIS ACOMETIDAS

1) Mãos:
Afeta principalmente as articulações entre a segunda e a terceira falange, provocando abaulamentos articulares (nódulos de Heberden). Mais raramente, esses nódulos surgem na articulação da primeira com a segunda falange (nódulos de Bouchard).
Pode haver vermelhidão local, dor e inchaço por períodos variáveis. A limitação do movimento costuma estar ausente ou ser discreta;
2) Joelhos:
Por ser uma articulação que suporta peso, limitações de movimento não são raras. Derrames articulares, dor e alargamento das estruturas ósseas vizinhas à articulação, com ou sem crepitação (como se houvesse areia na junta), podem estar presentes. O joelho permanece estável até as fases mais avançadas quando aparecem deformidades que desalinham os ossos;
3) Coxofemurais:
O comprometimento, às vezes, é bilateral e se torna incapacitante. A dor é sentida na virilha ou na região lateral da articulação, com eventual irrradiação para as nádegas ou para os joelhos, confundindo o quadro. Como defesa, os pacientes rodam a coxa para fora e dobram a perna, dando a impressão de que o membro sofreu encurtamento.
4) Coluna:
Quando o envolvimento do tecido fibroelástico, que constitui o disco situado entre as vértebras, e as alterações ósseas vizinhas comprimem as raízes nervosas que emergem da coluna, surgem dor, espasmos e atrofias musculares e limitação dos movimentos. Os locais mais acometidos são a coluna cervical baixa e as últimas vértebras lombares. A radiografia pode mostrar a presença de osteófitos (bicos de papagaio), cuja presença não guarda relação direta com a dor.
TRATAMENTO

Não existe tratamento que retarde a evolução ou reverta o processo patológico que conduz à osteoartrite. O objetivo do tratamento é aliviar sintomas e permitir que os portadores levem vida normal, sem dores ou limitações de movimento.

MEDIDAS GERAIS

1) Promover repouso adequado durante o dia, depois de atividade que solicite a articulação acometida;
2) Adotar postura cuidadosa ao sentar, levantar objetos e andar, para evitar posições forçadas que sobrecarreguem a articulação;
3) Evitar carregar pesos e atividades causadoras de impactos repetitivos;
4) Usar sapatos confortáveis que ofereçam boa base de apoio; não calçar sapatos com os calcanhares desgastados;
5) Praticar exercícios isométricos que fortaleçam a musculatura para conferir estabilidade às articulações, pois são mais indicados;
6) Evitar a obesidade;
7) Nos casos mais avançados, o uso de bengalas, andadores, corrimãos e alças de apoio no banheiro é fundamental.
CIRURGIAS

Em casos selecionados, a cirurgia traz benefícios. As intervenções mais frequentes são: artroplastia (substituição parcial ou total da parte destruída por uma prótese), artrodese (fusão cirúrgica de dois ossos, usada principalmente na coluna), osteoplastia (retirada e limpeza cirúrgica da parte óssea deteriorada) e osteotomia (mudança do alinhamento ósseo através da secção de partes ósseas).

MEDICAMENTOS

Ácido acetilsalecílico e analgésicos comuns, como acetaminofeno ou dipirona podem ser úteis para tratar episódios isolados de dor, mas sua ação é pouco duradoura. O ácido acetilsalecílico pode alterar a coagulação e causar sangramentos.
Corticosteroides não são indicados. Em casos excepcionais, a injeção intra-articular está indicada para aliviar dores rebeldes, mas a repetição é capaz de lesar ainda mais os tecidos,agravando o quadro.
Anti-inflamatórios: embora osteoartrite seja considerada uma enfermidade não inflamatória, as alterações que ocorrem nas cartilagens articulares costumam atrair o quadro inflamatório para o local. Esse componente pode ser reduzido pelo tratamento com drogas que pertencem à classe dos antii- nflamatórios não esteroides (AINEs).

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